quinta-feira, agosto 12, 2004

As eleições no PS


Um traço comum a muitas declarações públicas de apoio à candidatura de José Sócrates a Secretário-Geral do Partido Socialista, é a convicção de que este candidato é o que reúne melhores condições, não só para dirigir o PS, como para chefiar o próximo governo do País. No essencial, essas condições referem-se aos seus traços de carácter, à sua experiência política e partidária, às responsabilidades que tem assumido quer no partido, quer como deputado e como governante, à obra realizada, à sua visão estratégica e ao projecto de renovação, modernização e progresso para o PS e para País, de que é portador.

Personalidades com notoriedade e experiência política que vão desde fundadores do PS como António Campos, António Reis, Arons de Carvalho, Carlos Candal, ou Jaime Gama, até às gerações mais recentes como António Costa, António Vitorino, Carlos César, Francisco Assis, Luís Nazaré ou Sérgio Sousa Pinto, passando por Alberto Costa, José Junqueiro, Jorge Coelho ou Mário de Almeida, só para citar alguns poucos nomes, são unânimes em reconhecer a sua fidelidade aos valores do socialismo democrático; o seu respeito pelo passado do PS; a seriedade e combatividade que sempre põe na defesa dos valores que o norteiam e das causas em que se empenha ao serviço do PS e do País; a sua frontalidade e determinação face a interesses poderosos e ilegítimos; a sua capacidade de liderança, para formular políticas e orientações estratégicas e para as implementar; e o elevado espírito de missão que sempre tem caracterizado a sua acção.

Pela minha parte, e com base na experiência vivida ao longo de mais de sete anos de intenso trabalho com José Sócrates no Ministério do Ambiente, não posso deixar de confirmar esta apreciação.

Certamente por isso, a candidatura de José Sócrates conta já com o apoio expresso de grande número de dirigentes, quadros, militantes e simpatizantes do PS - entre os quais, por exemplo, a grande maioria dos seus responsáveis distritais e dos presidentes das Câmaras Municipais socialistas - e está a ter um impacto claramente positivo a nível nacional, quer entre os eleitores do PS, quer mesmo entre os eleitores em geral.

Pese embora o inegável valor, experiência e provas dadas dos candidatos João Soares e Manuel Alegre, não creio que qualquer deles reúna um capital de esperança tão elevado para conduzir, com optimismo e confiança, os destinos do País no sentido do progresso económico, social e ambiental, pondo fim ao ciclo de retrocesso, aumento das desigualdades, depressão e falta de confiança nas nossas capacidades em que, nos últimos anos, temos estado mergulhados.

Não posso, por isso, deixar de registar a pobreza dos argumentos trazidos a debate por alguns acérrimos opositores da candidatura de José Sócrates. Na realidade, em vez de discutirem as qualidades, ideias, políticas ou opções deste e dos outros candidatos, tais opositores limitam-se a repetir, até à exaustão, sem juntarem qualquer fundamento para o que afirmam, que José Sócrates representa a direita do PS, que é um político populista, que não tem ideias, e por aí fora. O ridículo chega ao ponto, por exemplo, de divagarem sobre a natureza plástica ou de plasticina de José Sócrates; de o criticarem tanto por fazer muitas citações, como por não as fazer; de o reprovarem por abordar temas de orientação estratégica e política envolvendo matérias em que supostamente não é um especialista, ou por fazer discursos que supostamente não escreveu sozinho (como se um político tivesse obrigatoriamente que ser especialista em todas as matérias e não pudesse recorrer a terceiros para preparar os seus discursos); de desvalorizarem a sua proposta de Plano Tecnológico (quando é sabido que o nosso atraso estrutural só pode ser vencido com uma aposta forte no conhecimento, na qualificação e no progresso tecnológico); ou de o verberarem por ter o apoio do "aparelho" do partido (como se o "aparelho", independentemente das renovações que sempre importa fazer, fosse um conjunto de marginais e malfeitores e não o conjunto de militantes eleitos pelos seus pares para exercer funções de maior ou menor responsabilidade no partido, como aliás vai ser eleito o Secretário-Geral, e que todos os candidatos gostariam de ter a apoiar).

(Artigo publicado no "Diário Económico" de 12.Ago.2004)

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